quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Uso do porque muito além do Tejo

Porque
  • Quando usado com sentido de uma vez que, pois, já que, como, porquanto, visto que e por essas expressões puder ser substituído, funciona como conjunção causal, e deve ser grafado “porque”.
O réu foi condenado, porque o crime foi plenamente comprovado.
  • Também será grafado “porque” nas frases declarativas e em respostas, quando não for possível subtender a palavra “motivo”.
Por quê? Porque simplesmente assim o desejei.

Atenção! “Porquê” ocorre quando tem valor de substantivo, normalmente precedido por artigo. Assim, temos:

Ele não sabe o porquê de tanta confusão.
Por que
  • Com sentido interrogativo.
Por que tantas mentes sedentas pelo saber?
  • Como pronome relativo que pode ser substituído por pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais.
Desconheço a razão por que não foste delicado com aquela pessoa.


O reclamado não reconhece por que foi condenado.


Observe que a palavra “motivo” está subentendida na segunda frase, isto é, o reclamado não reconhece o motivo pelo qual foi condenado.


Em casos como esse, o registro será “por que” separado.


Atenção! “Por quê” ocorre em fim de frase, por razões de tonicidade. Assim, temos:


O réu foi condenado por quê?


Teve que sair, mas não me disse por quê.


Atenção redobrada!!! Apesar de toda essa explicação, plenamente válida segundo o nosso padrão ortográfico, lá pelas bandas do Tejo as coisas não são bem assim. Em Portugal, pode-se perguntar com “porque” junto. Por isso, quando encontrar pergunta iniciada pelo espantoso “porque”, antes de julgar o dedicado redator, verifique se não se trata de uma edição lusitana, representativa do português europeu. Aqui por nossas bandas esse uso permanece condenável. São nossas saborosas diferenças construídas ao longo da história.


Parafraseando o poeta Petrarca: navegar é preciso, escrever não é preciso.



Até a próxima!

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