terça-feira, 31 de outubro de 2017
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Entre aspas
As
aspas ou vírgulas dobradas são recursos
úteis
à redação. Funcionam
como sinalizadores
de
condições externas ao conteúdo,
que devem estar claras no interior do texto, como
citações, palavras estrangeiras, etc.
Vejamos
abaixo algumas das situações mais comuns de
uso das
aspas.
Nas transcrições textuais
1.
Se
a citação abrange todo o período, as aspas devem ser fechadas após
o ponto.
"Antes
de enfeitar nossas casas com belos objetos, temos de descascar as
paredes, e descascar nossas vidas, e trocar o belo modo de vida e a
bela administração doméstica por bons alicerces: ora, o gosto pelo
belo se cultiva melhor ao ar livre, onde não há casa nem
administração doméstica."
2.
Quando o final da citação coincide com a pausa do período e é
apenas uma parte da proposição, o ponto recairá
após as aspas.
Interessante
pensamento de Thoreau, segundo o qual, comparada à moda, “a
tatuagem não é tão medonha como dizem”.
Segundo o autor, “não é bárbara pelo simples fato de que a
impressão é profunda e indelével”.
Fique
atento!
Essa opção não é adequada se o sinal de pontuação original for
importante para a compreensão ou sentido do texto, como no caso de
pontos de interrogação,
exclamação
ou reticências. Tenha
apenas o cuidado com a dupla pontuação. Se a citação termina com
um desses pontos, inclua-o nas aspas, mas não acrescente pontuação
em seguida. Veja:
Dirigiu-me
um assustado “Como foi isso?” Sem resposta, seguimos em silêncio
até o carro.
3.
Se a citação vem acompanhada de dados entre parênteses, o ponto é
colocado no final da sentença.
"Mas,
ai!, os homens se tornaram os instrumentos de seus instrumentos"
(em "Walden", de Henry David Thoreau).
Para realçar nomes de obras, publicações (jornais, revistas, etc.), apelidos
“Walden”
de Thoureau foi um livro muito importante para o movimento beat.
Aquela
Resolução Administrativa foi divulgada
no “Diário Eletrônico da
Justiça do Trabalho - DEJT”.
A
mãe do Benvindo sempre o chamou de “passarinho”, porque um
dia ele
vai voar.
Marcam palavras, expressões citadas
Notamos
que o “se” estava muito presente na fala daquele homem.
No
verso “como dois e dois são quatro”, Ferreira Gullar parece
garantir que tudo vale a pena.
Indicam neologismos e estrangeirismos
Devemos
evitar o uso de “quórum”, porque no Vocabulário Ortográfico de
Língua Portuguesa (VOLP) consta apenas o termo latino “quorum”,
sem acento.
Atenção!
As palavras estrangeiras devem ser destacadas, mas não apenas por
aspas. Podemos usar itálico,
negrito
ou o menos aceito sublinhado.
O importante, nesses casos, é a definição de que sinal será
utilizado e manter o padrão em todo texto.
Fique
atento. A ABNT sugere que as citações diretas com mais de três
linhas sejam destacas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra
menor que a do corpo do texto e sem
as aspas.
Até
a próxima!
Fontes
básicas
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
10520:
informação e documentação – citações em documentos –
apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
LUFT,
Celso Pedro. Grande
manual de ortografia.
3 ed. São Paulo: Globo, 2012.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Plural, siglas e abreviaturas
Toda
semana essa coluna traz algum tópico de língua portuguesa, não
raro há um “Atenção!”
apontando para diferentes posicionamentos de gramáticos, visões
polêmicas ou diferenças entre o Brasil e demais países lusófonos,
em especial nossa mãe Portugal.
Não
desanimem, isso não é de todo ruim. Podemos afirmar que pode ser
efeito da riqueza de nosso idioma. Afinal, um pouco de conflito
conduz à reflexão e ao desenvolvimento.
Então,
para não fugir à regra, hoje trataremos de um assunto que também
desfruta de certa porção de polêmica: plural de siglas e
abreviaturas.
Abreviaturas
de formas de tratamento
Formas
de tratamento são históricas e obedecem a convenções. Não se
trata de uma questão de gramática, apenas de uniformidade no uso.
Assim, temos:
Tratamento
|
Singular
|
Plural
|
Excelentíssimo
ou Excelentíssima
|
Ex.mo ou
Ex.ma/Exmo ou Exma
|
|
Exclência
|
Ex.a
|
|
Senhor, Senhora
|
Sr. e Sr.a
|
Sres./Sr.es e
Sr.as/Sr.as
|
Vossa Excelência
|
V. Ex.ª/V.Ex.a
|
V.Ex.as/V.Ex.as
(Brasil) ou VV. Ex.as (Portugal)
|
Vossa Majestade
|
V.M
|
VV.MM
|
Vossa Senhoria
|
V. S.a
|
V. S.as(BR)
ou VV. S.as (PT)
|
Siglas
Em
Portugal, pluralizar siglas não é recomendado. Por aqui, temos
percebido a tendência à pluralização (PM – PMs; CD – CDs; RA
– Ras), provavelmente nascida da necessidade de redatores e
leitores. É fato que muitos manuais, entre eles o Manual de
Padronização de Atos Administrativos do TRT3 e o Manual de
Comunicação Social do Senado, já recomendam o uso do plural.
Para
pluralizar uma sigla, basta acrescentar o -s. Nada de usar
apóstrofo (RA’s). Isso não vale.
No
Brasil o plural de siglas já está consolidado, o que não quer
dizer que você esteja obrigado fazer a flexão. Assim, é muito
possível escrever
As RA foram publicadas.
Ou
As RAs foram publicadas.
Questão
de gosto.
Até
a próxima!
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Infinitivo impessoal
“Viver
é um descuido prosseguido”, disse Riobaldo pelas mãos de Rosa. A
força dessa frase está certamente na forma poética e mínima com
que Rosa constrói o pensamento. Menos é mais, e em Rosa é sempre
muito mais. A substância da vida é viver, e o viver é um movimento
simples e constante.
A
ideia do autor se materializa na simplicidade do uso de um verbo na
função de um substantivo. Viver está no
infinitivo. Não há nele as certezas do indicativo nem as dúvidas
do subjuntivo. É só um verbo a espera de um agente, assim como a
vida. Então, falemos um pouco desse verbo sem flexão, sem o agir
(olha aí um outro verbo se transubstanciando!).
Como
tudo é simplicidade e prosseguimento, apresentamos cinco situações
em que o infinitivo não é flexionado:
1.
quando não se refere a sujeito:
“Viver é muito perigoso”
(G. Rosa)
“Amar, verbo intransitivo”
(M. Andrade)
2.
quando há sentido narrativo ou descritivo (Celso Cunha denomina
infinitivo de narração)
“A sorrir eu pretendo levar a
vida”. (Cartola)
3.
quando precedido pelas expressões fácil de, possível de,
bom de, raro de:
Pensamentos humanistas devem ser
fáceis de aceitar.
4.
quando pertence a uma locução verbal:
Os juízes vão julgar com
isenção os casos que se apresentam.
5.
quando depende dos verbos causativos deixar, mandar,
fazer e sinônimos ou dos verbos sensitivos ver, ouvir,
sentir e sinônimos e se o
complemento for um pronome oblíquo:
Deixei-os fazer a lição
amanhã.
Atenção!
Se no lugar de “os” tivéssemos “os meninos”, flexionamos o
infinitivo. Assim:
Deixei os meninos fazerem
a lição amanhã.
Atenção!
Se houver um sujeito entre o auxiliar e o infinitivo, este
flexiona-se. Assim, temos:
Sentia
as
lágrimas de
emoção
inundarem-lhe
os olhos.
É
bom lembrar que aqui trouxemos as opiniões mais comuns sobre
infinitivo flexionado ou não. Há sempre um outro que discorda, mas,
como diz o próprio Rosa a “natureza
da gente não cabe em nenhuma certeza”. E
talvez a incerteza seja um pouco de sabedoria!
Até
a próxima!
Fontes
básicas:
ALMEIDA,
Napoleão Mendes de Almeida. Dicionário de questões vernáculas.
4ª ed. São Paulo: Ática, 2005.
BECHARA,
Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2005.
CUNHA,
Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. 5ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
ROSA,
Guimarães. Grande Sertão Veredas. 20ª ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1986.
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Infinitivo Pessoal (ou infinitivo flexionado)
As
formas nominais do verbo, aí incluídos infinitivo, gerúndio e
particípio, são assim denominados por
“...não poderem exprimir por si nem o tempo nem o modo. O valor
temporal e modal está sempre em dependência do contexto em que
aparecem” (Cunha, 2008).
O
que difere a língua
portuguesa de muitas outras
é a
possibilidade de flexionar o
infinitivo em função da
pessoa verbal. Entretanto,
devemos ter em mente que não
há consenso sobre o
assunto. Alguns
autores, como Celso Cunha, por exemplo, falam em tendências de uso,
não de regras. Napoleão
Mendes de Almeida rejeita quase todos os usos, enquanto Bechara
aponta também para tendências relacionadas à estilística. E
nós ficamos nesse meio!
Aqui estão três situações em que a
flexão do infinitivo é importante para a qualidade do texto até
mesmo recomendada. Vejam.
1.
Quando o infinitivo tem sujeito próprio não expresso:
O juiz exarou despacho para
proporcionar às partes oportunidade de se manifestarem [elas
– as partes] durante a audiência.
A
manifestação cabe às partes, logo o infinitivo não tem como
referente o sujeito da oração principal – o juiz. Esse recurso
evita ambiguidade.
2.
Quando tem sujeito expresso:
Estranho é tu não notares
as mudanças naquele local.
3.
Sempre que for possível substituir o infinitivo flexionado por uma
forma modal (flexão de modo), indiferentemente se o verbo faz
referência a sujeito próprio ou não, podemos usar a forma
flexionada do infinitivo.
O advogado afirmou ser possível
ganharmos a causa. (infinitivo pessoal)
O advogado afirmou que é possível
que ganhemos a causa. (forma modal)
Mas
ainda retomaremos esse assunto para tratar do infinitivo impessoal
(não flexionado) e dos casos facultativos.
Até
a próxima!
Fontes
básicas:
ALMEIDA,
Napoleão Mendes de Almeida. Dicionário de questões vernáculas.
4ª ed. São Paulo: Ática, 2005.
BECHARA,
Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2005.
CUNHA,
Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. 5ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
Assinar:
Postagens (Atom)