A linguagem é dinâmica
e tem suas modas. Embora divertidos e inclusivos, os modismos podem
ser perigosos, por isso exigem do redator certo cuidado. Primeiro,
porque modas são datadas, rapidamente se tornam obsoletas (como
aquelas fotos antigas com cabelos e roupas tenebrosos!). Em segundo
lugar, algumas dessas palavras e expressões não estão de acordo
com a norma-padrão ou indicam pouca versatilidade vocabular. O que
hoje é charmoso, amanhã pode ser estigmatizado (lembremos do
malfadado “a nível de” e do injustiçado gerúndio). Vejamos,
por exemplo, a construção a seguir, que parece ter caído no gosto
de muitos redatores:
"O magistrado irá
proferir a sentença."
Esse tipo de arranjo da
locução verbal "ir" + verbo no infinitivo, em que o verbo
auxiliar aparece no futuro simples, contraria os registros da
norma-padrão da língua. Recomenda-se que o verbo "ir"
seja empregado como auxiliar de um verbo no infinitivo, conjugado no
presente do indicativo (vou, vais, vai, etc), para indicar um futuro
próximo. Assim, temos
“O magistrado vai
proferir a sentença.”
O aspecto contido na
locução “vai proferir” é o de firme propósito de executar uma
ação. O conteúdo assertivo, portanto, está suficientemente
expresso. Caso haja necessidade de usar o futuro simples, o mais
adequado é empregá-lo fora da locução:
“O magistrado
proferirá a sentença”.
Até a próxima!