Os pronomes
demonstrativos são usados para a referenciação no contexto ou no
discurso. No contexto, esses pronomes apontam para ser ou situação
fora do texto.
1.
Esta correspondência que envio será útil
para as decisões futuras.
No exemplo, esta
indica que a correspondência está próxima ao redator.
Em
2. Fomos muito felizes quando
morávamos em Salvador. Daquele tempo guardamos as mais
saborosas memórias,
aquele
indica um tempo remoto, distante tanto do redator quanto do leitor.
Tanto em 1.
quanto em 2., os referentes se encontram fora do âmbito do
texto. Lugar e tempo são instâncias externas.
No discurso, os
demonstrativos podem apontar para seres ou situações já referidas
(função anafórica) ou seres ou situações que ainda não
referidos (função catafórica). Assim, temos:
3. As razões de pedir do
reclamante são estas: 1) reconhecimento do vínculo
empregatício; e 2) recolhimento do FGTS a contar da data da
contratação.
Em
3., estas antecede uma ideia que ainda não foi expressa
(função catafórica). Trata-se de uma informação nova, indicada
no âmbito textual.
Já
em
4.a)
Reescrever é a essência de
escrever bem: é onde se ganha ou se perde o jogo. Essa
ideia é difícil de aceitar (Willian Zinsser),
o
demonstrativo essa
recupera tudo o que foi dito na primeira parte do texto, de
forma reduzida (função anafórica). Se
não dispuséssemos desse recurso na língua, seria necessário ao
autor repetir a palavra reescrever.
Veja:
4.b)
Reescrever é a essência de
escrever bem: é onde se ganha ou se perde o jogo. Reescrever
é uma ideia é difícil de
aceitar.
Agora
leia com atenção a famosa frase de
Paulo Freire, abaixo transcrita.
“A leitura
do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura
daquele."
Observe
que estamos diante da recuperação do que foi dito, mas de uma forma
diferente. Os
demonstrativos
recuperam (função
anafórica), mas
não
o todo.
Parte
a parte são referenciadas, a partir do local do autor no texto.
Assim, desta se refere ao elemento mais próximo
(do redator) e daquele,
ao segmento mais distante. A essa alusão a termos antecedentes,
parte a parte, alguns autores denominam função distributiva dos
demonstrativos.
Atenção.
É mais recomendado o uso apenas do par este e aquele
(e flexões). A inclusão do esse, como recuperador
intermediário, pode tornar a leitura do texto mais difícil. Veja
que esse recurso não leva a uma leitura fluida. Exige do leitor um
bocado a mais de atenção. Isso não é ruim, mas, se excessivo,
pode tornar o texto indigesto. E esse não pe objetivo de textos
oficiais. Na frase de Paulo Freire, a diferença de gênero dos
termos facilita muito a recuperação da informação. Na vida de
escriba nem sempre é assim. Dose esse recurso com bom senso. Afinal,
não queremos que leitor faça ginástica para compreender nossos
textos.
Até
a próxima!