A
forma como verbo e complemento se relacionam denominamos
transitividade. Em
linhas gerais, se entre o verbo e o complemento há necessidade
de
preposição para
formação do sentido,
nós o consideramos indiretos; se
não há preposição, diretos. Existem
ainda outros tantos verbos cujo sentido pode
não
estar
associado ao complemento, os
intransitivos.
As
variações de regência, ou trânsito, por vezes alteram também o
significado. Um caso típico é
o verbo proceder.
Quando regido da preposição a, tem sentido de levar
a efeito,
realizar,
executar.
Entretanto, também é conhecido o sentido de
comporta-se,
que é registrado como intransitivo (Como
o jovem procedeu?).
O
verbo atender, por seu turno, não segue exatamente a
cartilha do
proceder.
Pode ser transitivo direto ou indireto, regido da preposição a,
sem que o sentido seja alterado.
Observem
os exemplos abaixo:
1.
O
legislador atribui ao julgador a responsabilidade pelo arbitramento,
a fim de atender o/ao
objetivo da reparação do dano sofrido pela vítima. (levar
em conta, ter em vista)
2.
O diretor da empresa atendeu o/ao telefone. (responder)
3.
O juiz atendeu as/às partes. (receber, conceder audiência))
4.
Ao
deixar de atender
as/às
condições sanitárias mínimas exigidas pela Norma Regulamentar n.
31 do Ministério do Trabalho e Emprego,
a segunda reclamada ofende a honra e a integridade física do autor.
(levar
em conta, ter em vista)
Para
esse verbo, devemos ter dois princípios em mente:
1.
no Brasil, no sentido de escutar e responder (atender
ao/o telefone), é mais comum a transitividade direta; e
2.
na linguagem culta, quando o complemento for pronome referente a
pessoa, empregue a forma direta:
O
juiz irá atendê-los em breve. (use)
O
juiz irá atender-lhes em breve. (evite)
Última
dica. Lembrar de todas as possíveis regências de um verbo não
é tarefa fácil. Não precisamos, entretanto, acrescentar a escrita
aos nossos inúmeros “medos líquidos” (como diria Bauman). Já basta o que temos até aqui. Para regência verbal e nominal existem dicionários. Eis uma
ferramenta essencial para um escriba! Para essa
coluna, entre outros, consultamos o Dicionário Prático de Regência
Verbal, de Celso Pedro Luft.
Até
a próxima!
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