sexta-feira, 9 de junho de 2017

Regência: atender


A forma como verbo e complemento se relacionam denominamos transitividade. Em linhas gerais, se entre o verbo e o complemento há necessidade de preposição para formação do sentido, nós o consideramos indiretos; se não há preposição, diretos. Existem ainda outros tantos verbos cujo sentido pode não estar associado ao complemento, os intransitivos.

As variações de regência, ou trânsito, por vezes alteram também o significado. Um caso típico é o verbo proceder. Quando regido da preposição a, tem sentido de levar a efeito, realizar, executar. Entretanto, também é conhecido o sentido de comporta-se, que é registrado como intransitivo (Como o jovem procedeu?).

O verbo atender, por seu turno, não segue exatamente a cartilha do proceder. Pode ser transitivo direto ou indireto, regido da preposição a, sem que o sentido seja alterado.

Observem os exemplos abaixo:

1. O legislador atribui ao julgador a responsabilidade pelo arbitramento, a fim de atender o/ao objetivo da reparação do dano sofrido pela vítima. (levar em conta, ter em vista)

2. O diretor da empresa atendeu o/ao telefone. (responder)

3. O juiz atendeu as/às partes. (receber, conceder audiência))

4. Ao deixar de atender as/às condições sanitárias mínimas exigidas pela Norma Regulamentar n. 31 do Ministério do Trabalho e Emprego, a segunda reclamada ofende a honra e a integridade física do autor. (levar em conta, ter em vista)


Para esse verbo, devemos ter dois princípios em mente:
1. no Brasil, no sentido de escutar e responder (atender ao/o telefone), é mais comum a transitividade direta; e
2. na linguagem culta, quando o complemento for pronome referente a pessoa, empregue a forma direta:
O juiz irá atendê-los em breve. (use)
O juiz irá atender-lhes em breve. (evite)
Última dica. Lembrar de todas as possíveis regências de um verbo não é tarefa fácil. Não precisamos, entretanto, acrescentar a escrita aos nossos inúmeros “medos líquidos” (como diria Bauman). Já basta o que temos até aqui. Para regência verbal e nominal existem dicionários. Eis uma ferramenta essencial para um escriba! Para essa coluna, entre outros, consultamos o Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft.
Até a próxima!


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