sexta-feira, 23 de junho de 2017

Pronomes demonstrativos no discurso

Pronomes demonstrativos no discurso

Na coluna anterior a esta(1), demos início ao assunto “pronomes demonstrativos”. Naquela(2) ocasião, destacamos o uso desses(3) pronomes para indicar os seres em relação às pessoas do discurso no espaço e no tempo. Hoje discutiremos os pronomes demonstrativos no discurso, no interior do texto escrito.

Observe o quadro abaixo.

Demonstrativo
Pessoa
Espaço
Tempo
Discurso
Este
1ª (quem fala)*
Situação próxima de quem fala (aqui)
Presente
O não dito (catáfora)
Esse
2ª (com quem se fala)
Situação intermediária relativa à 1ª pessoa (ali)
Passado ou futuro pouco distante
O dito (anáfora)
Aquele
3ª (de quem se fala)**
Situação distante relativa à 1ª pessoa (lá)
Passado vago ou remoto
-------
* O ser falante, a 1ª pessoa do discurso, é a referência. Tudo é visto a partir dele.
** A 3ª do discurso é também considerada como não-sujeito, porque não interage na interlocução, como o “eu falante” e o “eu ouvinte” o fazem.

Quando tratamos de localização do espaço e do tempo no texto, verificamos que esses elementos habitam fora dos limites textuais. Se eu digo:

Os anos 80 foram pródigos em inventividade. Naquele tempo, tudo era novidade.

Observe que o tempo referido está distante tanto do falante quanto do ouvinte. Além disso, o período recuperado por “naquele” não está dentro do texto. É uma referência externa ao discurso.

Já em

As opiniões contrárias às reformas têm sido divulgada por diversos meios de comunicação, de forma ostensiva. Isso, no entanto, não é suficiente para mudar a realidade,

isso” recupera tudo o que fora dito antes. Então, nesse caso, estamos diante de um pronome que localiza segmentos ou ideias dentro do texto, sem precisar repeti-los. Podemos dizer que

isso” = as opiniões contrárias (…) de forma ostensiva.

No exemplo acima, o referente do pronome é parte do próprio texto, é um elemento interno. A localização dos seres ou das ideias se dá na materialidade do texto (função endofórica). Poderíamos afirmar, então, de forma simples, como devem ser todas as coisas, que o pronome que recupera o que foi dito deve ser o de 2ª pessoa (esse e flexões), porque a informação está com o leitor e já se afastou do redator.

Se, por outro lado, nada será recuperado, usamos o demonstrativo de 1ª pessoa. Na nossa forma simples de expressar: o que deve ser dito ainda está com o redator, pois a informação não foi entregue ao leitor. Assim, temos:

Nossa opinião sobre o a paz mundial é esta: devemos falar menos e agir mais.

Veja que, até o momento em que o pronome foi usado, a opinião ainda não havia sido revelada, logo pertencia ao redator (locutor), permanecia na 1ª pessoa.

Para arrematar, analise os pronomes marcados no primeiro parágrafo desta coluna. Na semana que vem finalizaremos esses estudos e acrescentaremos a função distributiva dos pronomes demonstrativos.


Até a próxima!






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