Pronomes
demonstrativos no discurso
Na
coluna anterior a esta(1),
demos início ao assunto “pronomes demonstrativos”. Naquela(2)
ocasião, destacamos o uso desses(3)
pronomes para indicar os seres em relação às pessoas do discurso
no espaço e no tempo. Hoje discutiremos os pronomes
demonstrativos no discurso, no interior do texto escrito.
Observe
o quadro abaixo.
Demonstrativo
|
Pessoa
|
Espaço
|
Tempo
|
Discurso
|
Este
|
1ª (quem fala)*
|
Situação próxima de quem
fala (aqui)
|
Presente
|
O não dito (catáfora)
|
Esse
|
2ª (com quem se fala)
|
Situação intermediária
relativa à 1ª pessoa (ali)
|
Passado ou futuro pouco
distante
|
O dito (anáfora)
|
Aquele
|
3ª (de quem se fala)**
|
Situação distante relativa
à 1ª pessoa (lá)
|
Passado vago ou remoto
|
-------
|
* O ser falante, a 1ª
pessoa do discurso, é a referência. Tudo é visto a partir dele.
** A 3ª do discurso é
também considerada como não-sujeito, porque não interage na
interlocução, como o “eu falante” e o “eu ouvinte” o
fazem.
|
Quando
tratamos de localização do espaço e do tempo no
texto, verificamos que esses elementos habitam fora dos limites
textuais. Se eu digo:
Os anos 80 foram pródigos em inventividade.
Naquele tempo, tudo
era novidade.
Observe
que o tempo referido está distante tanto do falante quanto do
ouvinte. Além disso, o período recuperado por “naquele” não
está dentro do texto. É uma referência externa ao discurso.
Já
em
As opiniões contrárias às reformas têm sido
divulgada por diversos meios de comunicação, de forma ostensiva.
Isso, no entanto,
não é suficiente para mudar a realidade,
“isso”
recupera tudo o que fora dito antes. Então, nesse caso, estamos
diante de um pronome que localiza segmentos ou ideias dentro do
texto, sem precisar repeti-los. Podemos dizer que
“isso”
= as opiniões contrárias (…) de forma ostensiva.
No
exemplo acima, o referente do pronome é parte do próprio texto, é
um elemento interno. A localização dos seres ou das ideias se dá
na materialidade do texto (função endofórica). Poderíamos
afirmar, então, de forma simples, como devem ser todas as coisas,
que o pronome que recupera o que foi dito deve ser o de 2ª pessoa
(esse e flexões), porque a
informação está com o leitor e já se afastou do redator.
Se,
por outro lado, nada será recuperado, usamos o demonstrativo de 1ª
pessoa. Na nossa forma simples de expressar: o que deve ser dito
ainda está com o redator, pois a informação não foi entregue ao
leitor. Assim, temos:
Nossa
opinião sobre o a paz mundial é esta: devemos falar menos e
agir mais.
Veja
que, até o momento em que o pronome foi usado, a opinião ainda não
havia sido revelada, logo pertencia ao redator (locutor), permanecia
na 1ª pessoa.
Para
arrematar, analise os
pronomes marcados no primeiro parágrafo desta coluna. Na
semana que vem
finalizaremos
esses
estudos
e
acrescentaremos a função distributiva dos pronomes demonstrativos.
Até a
próxima!
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