Ao
lado dos possessivos, os pronomes demonstrativos atuam como
importantes elementos de coesão textual. Funcionam como gestos
textuais, que apontam e indicam a posição dos seres em relação às
pessoas do discurso, quanto ao espaço, ao tempo e ao
próprio discurso. Nesta semana, trataremos do pronome
demonstrativo em relação ao espaço e
ao tempo.
Observe
o quadro abaixo.
Pessoa
do discurso
|
Lugar
da fala
|
Pronome
demonstrativo
|
1ª
pessoa do discurso
|
Quem
fala (eu)
|
Este,
esta, isto
|
2ª
pessoa do discurso
|
Com
quem se fala (tu, você)
|
Esse,
essa, isso
|
3ª
pessoa do discurso
|
De
quem se fala (ele)
|
Aquele,
aquela, aquilo
|
No
espaço
As
formas da 1ª pessoa (este, esta, isto e flexões) indicam
proximidade com “quem fala”. Já as formas de 2ª pessoa
aplicam-se a seres pertencentes ou próximo a “com quem se fala”.
Vejamos.
Este livro é o meu.
O livro pertence a quem fala, por isso
usamos os pronomes da 1ª pessoa.
Em,
Encaminho ofício para conhecimento
a respeito das medidas tomadas por este Tribunal quanto ao
acordo de cooperação com essa Corte.
No exemplo, este aponta paro o
lugar a partir do qual o texto é escrito. Essa, por
seu turno, indica o lugar em que está o interlocutor, a quem se
dirige o ofício.
Observe
o próximo exemplo.
Vistos, relatados e discutidos
estes autos de Recurso de Revista.
Nesse
caso, os autos estão no mesmo lugar em que está o redator.
No
tempo
O
demonstrativo pode ainda indicar a extensão de um período na linha
do tempo. Veja.
Nesta semana celebramos
Corpus Christi. (na semana
corrente)
Se
o tempo passado ou futuro está relativamente próximo
do momento em que se fala, também podemos usar os demonstrativos de
1ª pessoa. Observe.
Esta noite
encontrei-me com os antigos amigos da universidade. (trata-se da
noite passada, muito próxima do momento presente)
Sairemos para jantar esta
noite. (aqui estamos diante de um futuro próximo, o tempo fica
marcado no verbo)
Para
expressar tempo passado, o demonstrativo usual é o de 2ª pessoa.
Foram muito agradáveis esses
dias de férias. (as férias, nesse caso, já se encerraram, pois
o demonstrativo indica tempo passado).
Willian
Zinsser diz que “toda a escrita é, em última instância, um modo
de resolver um problema”. No campo jurídico essa máxima é mais
do que verdade, é a origem de nosso ofício. Para além dos
problemas próprios das relações jurídicas, ainda temos que dar
conta do texto para que também ele não se transforme em problema.
Os mecanismos de coesão, como os pronomes demonstrativos, são
ótimos nesse processo. Acredite.
Até
a próxima!
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