O
que difere a língua
portuguesa de muitas outras
é a
possibilidade de flexionar o
infinitivo em função da
pessoa verbal. Entretanto,
devemos ter em mente que não
há consenso sobre o
assunto. Alguns
autores, como Celso Cunha, por exemplo, falam em tendências de uso,
não de regras. Napoleão
Mendes de Almeida rejeita quase todos os usos, enquanto Bechara
aponta também para tendências relacionadas à estilística. E
nós ficamos nesse meio!
Aqui estão três situações em que a
flexão do infinitivo é importante para a qualidade do texto até
mesmo recomendada. Vejam.
1.
Quando o infinitivo tem sujeito próprio não expresso:
O juiz exarou despacho para
proporcionar às partes oportunidade de se manifestarem [elas
– as partes] durante a audiência.
A
manifestação cabe às partes, logo o infinitivo não tem como
referente o sujeito da oração principal – o juiz. Esse recurso
evita ambiguidade.
2.
Quando tem sujeito expresso:
Estranho é tu não notares
as mudanças naquele local.
3.
Sempre que for possível substituir o infinitivo flexionado por uma
forma modal (flexão de modo), indiferentemente se o verbo faz
referência a sujeito próprio ou não, podemos usar a forma
flexionada do infinitivo.
O advogado afirmou ser possível
ganharmos a causa. (infinitivo pessoal)
O advogado afirmou que é possível
que ganhemos a causa. (forma modal)
Mas
ainda retomaremos esse assunto para tratar do infinitivo impessoal
(não flexionado) e dos casos facultativos.
Até
a próxima!
Fontes
básicas:
ALMEIDA,
Napoleão Mendes de Almeida. Dicionário de questões vernáculas.
4ª ed. São Paulo: Ática, 2005.
BECHARA,
Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2005.
CUNHA,
Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. 5ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
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