Há
palavras ou conjuntos de palavras que nascem fadadas à polêmica,
mesmo quando frequentam os bancos da ONU. Esse parece ser o caso da
sequência “estados membros”.
Em
tempos passados, *“estado-membro” era grafado assim, com hífen.
Após o Acordo
Ortográfico de 1990, o hífen, nesse caso, deixou de existir.
Segundo os estudiosos, o espírito do Acordo previa a manutenção do
hífen apenas nos casos necessários. Assim, a ele recorreríamos na
justaposição sem termo de ligação, para distinção de prefixo,
entre outros requisitos.
Em
relação ao vocábulo em questão, o hífen não indica a
justaposição de palavras, pois não houve a criação de um sentido
completamente novo e específico que justificasse a marca gráfica.
Observe,
por exemplo, o artigo 3 da Constituição da Organização Internacional para Migrações (Decreto n. 8.101/2013). Se “estado
membro” fosse grafado com hífen, não ocorreria nenhuma mudança
semântica.
Todo
Estado
Membro
poderá notificar sua retirada da Organização ao final de um
exercício anual. Esta notificação deverá ser feita por escrito e
chegar ao Diretor Geral da Organização pelo menos quatro meses
antes do final do exercício (...).
*Todo
Estado-Membro
poderá notificar sua retirada da Organização ao final de um
exercício anual. Esta notificação deverá ser feita por escrito e
chegar ao Diretor Geral da Organização pelo menos quatro meses
antes do final do exercício (...).
Não
podemos fazer a mesma afirmação para a palavra “amor-perfeito”.
Note que tanto “amor” como “perfeito” têm vida significativa
própria. Se aparecem juntos, como em:
Eles
cultivam um amor perfeito. (qualidade do amor)
“perfeito”
exerce o papel de qualificador de “amor”. No entanto, ao unimos
esses dois vocábulos por um hífen, nasce um significado, que
descreve um objeto novo. Assim, temos:
Eles
cultivam amor-perfeito. (tipo de flor)
Sim,
está claro que “estado membro” deve ser grafado sem hífen. Não
porque seja um erro, mas por assim estar previsto no Acordo
Ortográfico de 1990.
É
importante lembrar que o Brasil é signatário desse acordo.
Significa dizer que nossa ortografia acata ativamente o disposto
nesse documento. Podemos até não concordar com tudo que propõe a
reforma, mas já estamos nela e talvez seja hora de nos adaptarmos.
Atenção!
Apesar de “estado membro” não ser grafado com hífen,
“país-membro” permanece com o hífen (!!!). Isso mesmo. Na
dúvida quanto à grafia, sempre consulte o Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), disponível na
internet.
Atenção!!
Em Portugal, apenas lá, “estado-membro” é grafado com hífen,
quando se trata de estado membro da União Europeia. Decisão deles,
somente para eles. Ressaltamos que o Vocabulário
Comum da Língua Portuguesa (VOC), disponível na internet, não
atesta a escrita desse vocábulo com hífen.
Atenção
redobrada!!! Há órgãos oficiais que, em seus tesauros ou
vocabulários controlados, grafam “estado membro” com hífen.
Isso é um problema. Uma vez signatário do Acordo, o Brasil
oficialmente acata essa ortografia. Logo, os órgãos oficiais devem
ser os primeiros a seguir a norma e com isso torná-la mais
conhecida. Assim evitamos duplicidade de grafias. Críticas à parte!
Até
a próxima!
*
grafia não oficial.
Parabéns!
ResponderExcluirObrigado! Postagem relevante, haja vista dúvidas relativas ao assunto.
ResponderExcluirObserve este conteúdo compartilhado em outro sítio: "O hífen nos compostos 'estado membro', 'país membro' e 'países membros' é desnecessário. Não há regra gramatical que obrigue o uso de hífen nesses casos.
Por isso, é preferível escrever 'país membro', 'países membros', 'estado membro' e 'estados membros da ONU'."
Fonte: https://dicionarioegramatica.com.br/2015/10/28/estado-membro-estados-membros-pais-membro-paises-membros-com-hifen-ou-sem/
Obrigada pela visita e pelo comentário
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