Algumas
palavras ou expressões tão simples, cotidianas, podem gerar
dúvidas. Talvez o senão e o par se não pertençam a
esse grupo. Se não, vejamos.
Senão
Quando
tem sentido de “de outro modo”, do “contrário”.
Não haja assim, senão
haverá consequências severas.
Em
frase negativa ou interrogativa, quando com sentido de “a não
ser”, “exceto”, “salvo”.
Não há alternativa senão
criar meios de controle da corrupção.
Quem poderá auxiliá-lo senão
um profissional habilitado?
Nem
todos estavam presentes na reunião senão os muito
interessados.
Usa-se
com o sentido de “mas sim”, “mas também”.
Não somente solucionamos o
problema, senão incluímos melhorias no equipamento.
Com
esse mesmo sentido, ocorre a expressão senão que, quando há
coordenação de duas orações.
Esse raciocínio não está bem
fundamentado, senão que contraria preceitos básicos da
humanidade.
Também
usamos na expressão “não só...senão”, no sentido de “não
só...mas também”.
Aqueles homens eram não só
generosos, senão honestos.
Se
não
É
o casamento da conjunção condicional se + não.
Como confiar naquele profissional
se não temos nenhum conhecimento de seu histórico
profissional?
A
tragédia de Mariana se não destruiu toda uma cidade,
acarretou prejuízos incalculáveis para aquelas vidas.
Senão
vejamos ou se não vejamos?
Napoleão
Mendes de Almeida, no Dicionário de Questões Vernáculas, aponta
que a expressão “se não vejamos” carrega o sentido de “caso
não se acredite” e apresenta o seguinte exemplo:
Nossos tribunais têm decidido em
casos análogos, se não
vejamos: (…)
O
exemplo registrado pelo gramático tem alta ocorrência em jurídicos
de conteúdo argumentativo. É o caso de petições, sentenças e
acórdão, que trazem na estrutura básica o debate de ideias. Nesses
casos, os argumentos que surgem introduzidos pela expressão “se
não vejamos”, de maneira geral, acrescem dados que podem confirmar
toda uma argumentação. Em termos retóricos, são argumentos
cabais, mais fortes. É como se o redator dissesse: “aqui vão
argumentos, razões, ainda mais convincentes”.
No
entanto, se a expressão tem conteúdo semântico de “caso
contrário, vejamos”, devemos usar “senão vejamos”. Essa é
uma situação mais rara, entretanto perfeitamente correta.
No
primeiro parágrafo dessa coluna, este redator que vos fala quis
provocar o leitor. Desejou ele provar que, “se o leitor não
acredita que essas expressões podem provocar dúvidas, aí estão
argumentos que sugerem o contrário”. Será? Talvez o redator,
feita a coluna, tenha concluído que nada é tão complicado assim.
Até
a próxima!
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